Artigo sobre ASSOMBRAÇOES de RECIFE

Segue abaixo um artigo sobre assombrações escrito pela Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco chamada Maria do Carmo Andrade. O referido artigo foi escrito em 14 de Dezembro de 2005 e atualizado em 09 de Setembro de 2009. Que você tenha pesadelos terríveis com essa matéria!!! Hahahahaha!

A assombração é definida como: “objeto fantástico ou fantasma que assombra, que causa terror; alma do outro mundo, aparição; susto causado pelo encontro ou aparição de coisas sobrenaturais; terror procedente de causa inexplicável”.

     Quando se fala em assombração, todos têm uma história fantástica ou misteriosa para contar. São experiências vivenciadas ou testemunhadas por alguém conhecido, por um familiar ou pelo próprio narrador, transmitidas oralmente, muitas vezes sem possibilidades de comprovação, principalmente porque são experiências individuais. São revelações, avisos, aparições de alguém que já morreu.

      Pode-se dizer que assombração é um assunto fascinante e envolvente. Quem, em algum momento da vida, não parou para ouvir, algumas vezes até contar, uma arrepiante história de assombração? São casos de almas penadas que habitam casarões antigos; são pessoas que aparentemente estão vivas, caminhando, conversando e de repente desaparecem ao chegar em frente ao cemitério; barulho de louça quebrando, quando se vai verificar, a louça está intacta; choro angustiante de criança, onde não há ninguém; cadeiras que balançam como se tivesse alguém sentado; arrastados de chinelos ao longo da casa; arrastados de correntes (dizem que eram os negros torturados na época da escravidão); bibliotecas onde ilustres leitores que já morreram voltam para leitura ou consulta; pessoas que estão sem paz, por terem escondido bens, e voltam para revelar onde está a botija (tesouro enterrado) e outros casos mais.

      Muitas dessas histórias já fazem parte do folclore brasileiro, algumas são histórias próprias da zona rural, outras são mais urbanas, outras estão diretamente ligadas ao local, à determinada casa. São as casas ou ruas mal-assombradas. Outros fantasmas são característicos de determinadas situações. O Recife tem um rico repertório de histórias de assombrações, muitas estão eternizadas em livros, como Assombrações do Recife velho, do escritor e sociólogo Gilberto Freire, como as histórias da Cruz do Patrão.

       A Cruz do Patrão é o lugar considerado mais assombrado do Recife. Trata-se de uma coluna de alvenaria que foi erguida no século XVII, entre o Forte do Brum e o do Buraco, para servir de baliza para os barcos que atracavam. Nesse lugar, enterravam os negros que morriam durante a viagem da África para o Brasil. Maria Graham, cronista inglesa, declara em seus relatos ter visto partes de corpos em volta dessa coluna. As histórias de assombrações na Cruz do Patrão, são muito conhecidas. Há casos de causar arrepios.

       Um caso de assombração arrepiante é o da “Mulher do Algodão” que, embora tenha acontecido no Rio de Janeiro, foi manchete de jornais e ficou conhecida em boa parte do Brasil, tendo, inclusive, sido objeto de reportagem do Diário de Pernambuco de agosto de 1978. Era o fantasma de uma mulher que aparecia com algodão na boca, nariz e ouvidos, geralmente nos banheiros dos colégios, aterrorizando as crianças, na década de setenta. Diziam que a mulher do algodão havia morrido atropelada e um filho dela teria morrido no banheiro da escola, onde passou um dia inteiro trancado, de castigo.

       As histórias misteriosas, de assombrações e fantasmas, não aconteciam apenas no passado, elas sempre existiram e provavelmente continuarão a existir. Conta-se aqui um caso, relativamente recente, podendo ser intitulado de “A confraternização”.

       Um determinado setor da Fundação Joaquim Nabuco, contava com seis funcionários. Um deles, aliás muito querido pelos colegas, havia morrido no mês de abril. Em dezembro do mesmo ano, os outros colegas do setor resolveram fazer a confraternização de final de ano, como era de costume, no mesmo restaurante que iam quando o colega estava vivo. Sentaram-se à mesa, de seis lugares, sendo que desta vez uma cadeira ficou desocupada. Comeram, beberam, fizeram brinde ao colega ausente e até tomaram umas a mais em nome do falecido.

       Finalmente, solicitaram a conta, já dividida pelo número de pessoas, como era hábito entre eles. Três deles fizeram o pagamento com cheque e dois com cartão de crédito. Os que pagaram com cartão, tiveram suas contas um pouco majoradas em relação aos três que pagaram com cheque e pediram explicação ao garçom que logo voltou com a resposta: “a conta foi dividida pelos seis que estavam na mesa e como só recebemos três cheques e dois cartões, a parte que ficou (a sexta parte) da conta foi dividida para os dois cartões”.

       Na hora todos pensaram a mesma coisa, ou seja, que o colega falecido estivera o tempo todo participando da confraternização ali na mesa com eles, pelo menos na visão da pessoa que “fechou” a conta. Um dos colegas, ainda disse em tom de brincadeira: “Puxa cara, a gente não se incomoda de pagar, mas por favor avisa antes!”

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