Bem que dizem que as estátuas têm alma. O que aconteceu na Escola de Aprendizes de Marinheiro em Recife, Pernambuco, no longínquo ano de 1913, parece provar que essa afirmação não é de todo descabida.
Naquela escola, onde cada aluno era identificado por um número em vez de seu nome, uma
história sinistra se desenrolou, centrada na estátua imponente do falecido almirante Eduardo Wandenkolk, ministro da marinha no governo do marechal Deodoro da Fonseca.
Era dito que o almirante, em seus dias de comando, era extremamente severo. Contava-se
entre os corredores da escola uma história sombria: quando um marinheiro cometia uma falta grave, era oferecida a ele a escolha entre 25 chibatadas ou um pontapé do próprio almirante. Diziam que o marinheiro sempre preferia as chibatadas, tal era a força do almirante.
Todos na escola conheciam essa história, inclusive o aluno identificado pelo número 66.
Um dia, durante uma tarefa de limpeza da estátua do almirante, o 66, em meio aos risos dos colegas, desafiou a figura de bronze, desferindo-lhe uma bofetada e um pontapé, como se estivesse desafiando o próprio espírito do almirante.
Mas foi naquela mesma noite, enquanto o 66 fazia a ronda no alojamento, que o sobrenatural
se manifestou. Em meio à meia-luz das lâmpadas, viu-se um vulto se aproximando, um homem corpulento vestido com o uniforme de gala da marinha. Para o horror do 66, era o próprio almirante Wandenkolk, ganhando vida das profundezas do bronze.
O jovem, tomado pelo terror, viu o vulto ameaçador se aproximar, como se fosse desembainhar a espada para atacá-lo. Sem poder conter o medo, soltou um grito e
desmaiou.
O alvoroço que se seguiu acordou todos os alunos, e o incidente foi relatado ao comandante
da escola. Apesar das buscas que seguiram e de não encontrarem nada de anormal, o comandante tentou acalmar todos, dizendo que era apenas um pesadelo do 66.
Mas os colegas sabiam que o 66 não estava dormindo naquela hora. E a estátua silenciosa no pátio da escola parecia guardar segredos mais sombrios do que se poderia imaginar.
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