A CRUZ DO PATRÃO, por Julio Sieg

Artigo escrito por Julio Sieg, do site The HorrorPedia 3.0, sobre as histórias mal-assombradas da Cruz do Patrão! Você teria coragem de conhecer esse local?


Bom, a Cruz do Patrão é considerado o lugar mais assombrado de todo o Recife. Ela fica onde existia um istmo (Istmo é uma pequena porção ou relação de terras) entre Recife e Olinda, às margens do Rio Beberibe. Na verdade, essa construção é uma alvenaria feita entre as fortalezas de Brum e do Buraco.  Servia de baliza para barcos que chegavam para atracar. Hoje, é o principal ponto de encontro, de Almas Penadas…
O que se sabe, é que, dentre outras funções, esse lugar era usado para enterrar escravos negros, que vinham nos chamados navios “tumbeiros”, da África para o Brasil. Com as condições e o tempo de viagem, muitos acabavam morrendo. A inglesa Maria Graham afirma ter visto pedaços de corpo espalhados ao lado do marco.
Além dos espíritos dos negros, que foram arrancados de sua terra natal para trabalhar como escravos, principalmente em lavouras de café, e hoje assombram a cruz do patrão, no local também eram fuzilados os militares condenados à pena capital, como o soldado João Luís dos Santos, do 1º Batalhão de Fuzileiros. Ele morreu diante da gigante quantidade de balas desferidas pelos seus companheiros de farda em 04/05/50, na presença de “numerosa porção de povo”, como registrou na época o Diário de Pernambuco.
Segundo o escritor Franklin Távora, autor de “O Cabeleira”, acreditava-se que todo aquele que passasse pelo local da Cruz do Patrão à noite veria almas penadas ou seria perseguido por terríveis espíritos. Muitas das pessoas que fizeram sem acreditar em tal lenda, ou mesmo pelo desconhecimento desta, desapareceram sem deixar traços.
No local de tal lenda, durante o tempo, foram criadas outras histórias, ou mesmo outras lendas, como a de um estudante que foi encontrado morto junto à cruz. Um soldado foi culpado pelo crime, e levado à Fernando de Noronha. Tempos depois, foi descoberto que outro indivíduo, invadido por um “espírito infernal”, teria cometido o crime. A notícia chegou tarde, pois o soldado já havia falecido na prisão da ilha.
Pela histórias do local, muitas pessoas preferem um caminho mais longo à passar ali. Por essas e outras, esse local foi muito usado por bruxos e feiticeiros vindos da África, para praticarem seus rituais, seus cantos e danças. Conta-se que em um desses rituais, o próprio Exu (Espírito com olhos de fogo e da cor do próprio carvão) teria aparecido. O espírito perseguiu uma moça que estava ali presente até o rio Beberibe, onde ela se atirou.
No século XX, ainda houveram outros relatos. Veja logo abaixo, esse relato publicado pelo jornal A Província em 15 de setembro de 1929, sob o título “Na Cruz do Patrão, um marítimo morreu afogado”
“Na Aldeia do Brum, bairro do Recife, residia Cyriaco de Almeida Catanho, remador da praticagem da barra. Pela manhã de ontem, cerca de seis horas, aquele marítimo deixou a sua residência indo banhar-se na Cruz do Patrão, local onde várias pessoas têm morrido afogadas (grifo nosso). Em certa altura do banho, alguns companheiros de Cyriaco Catanho que se encontravam nas proximidades da Cruz do Patrão observaram ele pedir socorro. É que a sua vida perigava. Trataram de dar os socorros solicitados. Infelizmente, porém, estes não deram o resultado esperado. Cyriaco Catanho havia se submergido. Comunicado o fato à Polícia Marítima, foram iniciadas as pesquisas para o fim de ser encontrado o cadáver. A polícia do Primeiro Distrito também tomou conhecimento da ocorrência. O morto era casado e deixou um filho de dois meses de idade.”
Embora depois de muito tempo, a Cruz do Patrão resistiu às investidas da maresia, à falta de cuidado de ser humano com suas antigas (e históricas) construções. Hoje, quem passa pela ponte do Limoeiro pode avistar a Cruz do Patrão, mesmo que muitas pessoas nem saibam porque ela esta lá, ou sobre a sua história.

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